Forca de vontade. Quem tem? Texto de Ana Gaspary Psicóloga e colunista do site FM Itabaiana


Pensando sobre o que escrever, me veio na cabeça “força de vontade”! Fiquei pensando que nem todo mundo tem força de vontade o tempo todo, todo o tempo. E por que? Por que nem todo mundo está desenhado com o ego definido. De acordo com o Sistema de Desenho Humano, é no Centro do Ego que reside nossa força de vontade, mas se você , como eu não tem esse Centro definido consistentemente , então não tem força de vontade disponível o tempo todo.

Como a maioria das pessoas não conhecem seus desenhos, não sabem como seu sistema de força de vontade funciona. Tem algumas pessoas que se decepcionam com sua falta de força de vontade. Você já se frustrou por não ter tido força de vontade em algum momento da sua vida?

Por exemplo, quando você decide que vai mudar algo em sua vida: fazer dieta, estudar para concurso, aprender algo novo.. No começo você consegue!

Você está cheio de empolgação, de força de vontade e traça um planejamento fantástico. Compra os alimentos corretos, pega os livros que precisa, matricular-se num curso... No entanto, o tempo vai passando e aquela empolgação inicial acaba.

A sua força de vontade é rapidamente consumida, como se fosse a bateria do seu celular ao longo do dia. Em uma pesquisa realizada em 2011 nos Estados Unidos, a falta de força de vontade foi apontada como a maior dificuldade para a realização de uma mudança efetiva de vida. Por que? A ciência responde que a força de vontade é um recurso limitado.

Um dos primeiros estudos sobre o assunto foi publicado em 1998 por Roy Baumeister no Journal of Personality and Social Psychology. A conclusão desse estudo foi impressionante, a maneira mais simples de entender essa teoria é pensar na força de vontade como a bateria do seu celular.

À medida em que você a utiliza, ela vai se consumindo. E só volta ao normal depois de uma recarga. Para que essa bateria dure mais, vamos entender que é essa força? Segundo a Associação Americana de Psicologia, a força de vontade pode ser definida como: - a habilidade de adiar uma gratificação, resistindo a tentações de curto prazo para poder se atingir metas de longo prazo; - a capacidade de resistir a um pensamento, sentimento ou impulso indesejado;
- a auto regulação consciente e enforcada; - um recurso limitado, que é gasto com o uso; - a habilidade de manter a cabeça fria em vez de ter reações emocionais. Para Mark Muraven, PhD da University at Albany, a força de vontade pode ser reforçada ou enfraquecida por nossas crenças e atitudes.

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A pesquisa de Muraven comparou pessoas que procuram sempre agradar aos outros e indivíduos que eram mais orientados à metas pessoais. A conclusão foi a de que quem está sempre procurando agradar aos outros gasta força de vontade com mais facilidade do que aqueles que traçam suas metas e procura cumpri-las. Outro impacto significativo dessa pesquisa diz que era causado pelo humor das pessoas.

Foi comprovado que o bom humor pode se sobrepor ao gasto da força de vontade. Mas, o mais interessante é que Muraven se juntou ao Baumeister e fizeram uma proposta baseados nas suas pesquisas dizendo que a força de vontade pode ser fortalecida. A teoria é a de que, assim como um músculo pode ser fortalecido por meio de exercícios físicos, a força de vontade também pode ser fortalecida por meio de exercícios mentais.

A proposta de que a força de vontade pode ser exercitada abriu um campo para dezenas de outras pesquisas que apresentaram diversas formas de exercícios. Vamos exercitar nossa força de vontade?

Aqui vão algumas sugestões:

1- Imponha-se uma rotina de exercícios físicos. Um corpo saudável reflete uma mente saudável. E, uma mente saudável é capaz de ter mais autocontrole.

2- Não faça planos grandiosos. Não coloque muitas metas de uma só vez. Coloque uma meta de cada vez. Assim que um novo hábito ou objetivo estiver concluído, você não precisa mais usar tanta força de vontade para mantê-lo. E aí passa para a meta seguinte.

3- Comece cedo e pelo mais importante. Acorde cedo e realize as tarefas que exijam mais autocontrole e vá deixando as tarefas que requerem hábitos já consolidados para depois.

4- Tire um cochilo. Utilize o sono para recarregar a sua força de vontade. O sono é fundamental para repor nossas energias. 5- Mantenha o stress e a ansiedade sob controle.

A psicóloga McGonigal diz que, sempre que nos encontramos em desequilíbrio emocional fica mais difícil encontrar determinação para nós mantermos na linha. Quando estamos stressados, a tendência é que prestemos atenção apenas em metas a curto prazo.

6- Reduza a quantidade de decisões a serem tomadas. Tomar decisões pode nos levar a fadiga. A razão pela qual tomar decisões nos deixa cansados é muito simples: decidir é escolher; escolher é perder; e nenhum de nós gosta de perder. Assim, quando decidimos uma coisa abrimos mão de outra, e ficamos nos questionando como teria sido se a decisão fosse outra.

E, finalmente confie na simplicidade, na organização, nos hábitos e em planejamento enxuto e bem executado. Tenha crenças fortes e atitudes alinhadas com suas crenças. Comece pequeno e cresça, cresça até onde sua imaginação e força de vontade permitirem!



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Texto de Ana Gaspary,PsicólogaespecialistaemAconselhamento,Pós-graduadaem Abordagem Centrada na Pessoa e Gestalt Terapia, Consultora e Analista do Sistema de Desenho Humano, Terapeuta Corporal, Colunista do Portal FM Itabaiana Sergipe.