O que você vê? Luz ou sombra? Coluna: O Humano que Habita em Mim
O que você vê? Luz ou sombra?
“Por favor, me olhe com bons olhos”. Constelação Familiar. Esse é um tema ao mesmo tempo polêmico e muito antigo.
Desde sempre o ser humano luta com essa questão de luz e sombras. E, agora que estamos mais em casa, mais sozinhos, sem tanta agitação, parece que estamos nos conectando mais com essas duas forças que habitam ou melhor co-habitam dentro de nós.
Lembrei de quando eu era criança, e ficava fascinada com a minha própria sombra refletida no chão enquanto brincava ou caminhava...achava aquilo intrigante e maravilhoso.
Você conhece a sua sombra??
Não essa que aparece e desaparece com a luz do sol...aquela outra, que se esconde dentro de você?
Então, a totalidade do que somos como pessoa é muito mais do que aquilo que mostramos, e muito mais do que pensamos sobre nós mesmos.
Nossas luzes e sombras fazem parte de um todo ao qual pertencemos. Mas, o que são as nossas sombras?
Nossas sombras são o nosso inferno pessoal, o que não queremos reconhecer em nós mesmos, o que nos esforçamos para esconder...dos outros e de nós.
São comportamentos, pensamentos e emoções que nos parecem inadequados, inaceitáveis ou inadmissíveis; tudo o que aprendemos na nossa educação, na nossa cultura que não podemos ser ou fazer, o que devemos reprimir, o que julgamos e reprovamos nos outros.
Nos esforçamos para mostrar apenas uma parte de nós, rejeitando, excluindo ou escondendo aquilo que não aceitamos que somos também. E isso pode se voltar contra nós mesmos.
Acreditamos que a nossa força está em mostrar o nosso aspecto mais amigável, alegre, feliz , em ser solícito e estar disponível sempre. E, é claro que nem sempre isso é possível ou viável.
Às vezes, é necessário expressar a nossa tristeza, desagrado, a nossa raiva, nosso desconforto, nossa irritação e todos os comportamentos considerados negativos socialmente. Sob pena de adoecermos, entrarmos em depressão ou termos outras doenças relacionadas a somatização (somatizar emoções). .
“Ninguém se torna iluminado por imaginar figuras de luz, mas por tornar-se consciente da sua escuridão”. Carl Jung.
Quando reprimimos os sentimentos que se manifestam de forma natural e espontânea, em resposta a uma série de experiências de vida, estamos negando a expressão do nosso eu mais profundo.
Sendo assim, estas questões podem adquirir uma maior intensidade e se manifestarem de uma forma inadequada e desproporcional.
Por exemplo, quando acumulamos muitos descontentamentos, muita frustrações podemos “explodir" e descarregar muita raiva diante de uma situação qualquer ou de uma pessoa que não tem nada haver com o problema.
Quando isso acontece ficamos péssimos e muitas vezes nem sabemos por que “explodimos”! Com isso não quero dizer que devemos sair por aí brigando, xingando, sendo mal educados por que precisamos expressar tudo o que sentimos ,não é isso.
Precisamos ter consciência de como estamos, e do que sentimos, sim, mas vamos agir com inteligência ou saúde emocional para que essa expressão não destrua o outro ou a nós mesmos. Se nos conscientizarmos desse processo, estaremos dando um passo importante rumo à aceitação da nossa sombra, daquilo que não queremos reconhecer que somos e que é uma parte importante de nós.
Tem um texto que escrevi sobre a aceitação que é bem bacana de ler para ajudar a entender esse processo. Com a aceitação despertamos a nossa consciência para conseguirmos nos conhecer e amar quem realmente somos. Para que exista luz é necessário reconhecer a sombra, de forma que haja um equilíbrio dos pensamentos, emoções e comportamentos. Se não conhecermos nossa sombra não saberemos lidar com ela.
E, se não soubermos lidar com ela, fica escondida como bem diz o nome, nas sombras ,fazendo o que bem entende. Então autoconhecimento, informação, terapias ajudam muito nesse processo de se conhecer e aprender a lidar com nossas forças internas.
“Se você sofre, é por sua causa; se você se sente feliz, é por sua causa. Ninguém é responsável pela forma como você se sente, só você e ninguém mais. Voce é o inferno e o céu também”. Osho.
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Texto de Ana Gaspary, Psicóloga especialista em Aconselhamento, Pós-graduada em Abordagem Centrada na Pessoa e Gestalt Terapia, Consultora e Analista do Sistema de Desenho Humano, Terapeuta Corporal, Colunista do Portal FM Itabaiana Sergipe.