Cerca de 70% dos alemães serão contaminados por coronavírus a longo prazo, diz Merkel
Chanceler promete socorrer maior economia europeia; ministro pede que evitem-se aglomerações.
Até 70% da população da Alemanha deve ser infectada pelo novo coronavírus a longo prazo, alertou a chanceler do país, Angela Merkel, nesta quarta-feira (11).
“Quando o vírus está solto, as pessoas não têm sua imunidade preparada e não há nenhum tratamento ou vacina, uma alta porcentagem da população, que especialistas colocam entre 60% e 70%, será infectada enquanto esse
quadro persistir”, declarou ela em um evento público, ponderando que ela não sabe ainda como a crise vai evoluir.
A Alemanha, maior economia da Europa e quarta maior do mundo, havia contabilizado três mortes decorrentes da infecção pelo novo vírus até a manhã desta quarta. Segundo a instituição responsável pelo controle sanitário no país, foram registrados 1.296 casos da doença.
A declaração de Merkel atraiu reclamações de pares europeus que a acusaram de disseminar pânico, mas segue-se às críticas do jornal mais vendido do país, o Bild, ao que definiram como “coronacaos” —uma crise de liderança.
A chanceler (equivalente a primeiro-ministro) advertiu a população para reforçar hábitos de higiene e evitar o contato físico, sobretudo o aperto de mão, um dos principais disseminadores de patógenos como o coronavírus. Em vez disso, sugeriu, os alemães deveriam "se olhar nos olhos por um segundo a mais".
Seu ministro da Saúde, Jens Spahn, reiterou, porém, que, ao contrário do que fez a vizinha Áustria, o país não fechará suas fronteiras, nem mesmo com a Itália, onde as mortes nesta quarta chegavam a 631 e os casos superavam 10 mil nesta quarta. Ele pediu que os alemães evitem aglomerações como jogos de futebol, shows e clubes noturnos — em Berlim, autoridades
Mas Spahn afirmou, no entanto, ter ainda ressalvas em relação ao fechamento geral de creches e escolas, já que muita gente depende deles para deixar os filhos e poder trabalhar.
No Brasil, o Ministério da Saúde estuda antecipar as férias para o período previsto para o pico das gripes e do coronavírus, mantendo estudantes em casa. Merkel também abordou as consequências econômicas da pandemia iminente, que tem afetado mercados mundo afora.
“Faremos o que for necessário para superar isso, e, no fim, olharemos qual o impacto no nosso orçamento”, disse ela a repórteres. “Ainda não conseguimos aferir as consequências econômicas, mas vamos reagir”, disse. Como outros governos pelo mundo, o alemão já prometeu intervir na economia, combalida pela
epidemia, injetando dinheiro nos mercados.
Fonte: Folha de São Paulo.